sábado, 3 de dezembro de 2011

IRACEMA: breve análise

Iracema
José de Alencar
ROMANTISMO
O foco narrativo é em 3ª. pessoa e o narrador é onisciente. O narrador participa da historia: "Uma historia que me contaram nas lindas vargem onde nasci".
1.1. Elementos épicos
O texto é épico por ser narrativo. José de Alencar narra os feitos heróicos dos portugueses na figura de Martim. Iracema, também, é transformada em heroína. O vinho de Tupã que permite a posse de Iracema (presença do "maravilhoso"). Além disso, temos, também, a presença dos deuses indígenas representando as forças da natureza.
1.2. Elementos líricos
O amor de Iracema por Martim: Iracema é a heroína típica do romantismo, que padece de saudades do amante, que partiu, e da pátria que deixou. Ela se enquadra dentro de uma corrente luso-brasileira cujo inicio data das cantigas medievais. 
02. A narrativa se fundamenta em pesquisas históricas ou em lendas da tradição oral? Como o autor define o romance? Comparar ficção propriamente dita e as "notas".
Conclui-se que "Iracema" se fundamenta tanto na história do Brasil quanto no relato oral. Segundo seu autor, é uma lenda: "Quem não pode ilustrar a terra natal, canta as suas lendas" (em carta ao Dr. Jaguaribe, sobre "Iracema"). "Este livro é irmão de Iracema. Chamo-lhe de lenda como ao outro" (Ubirajara).
Martim Soares Moreno e Filipe Camarão são vultos da história do Brasil. Ambos lutaram contra a invasão holandesa. Martim é considerado, realmente, o fundador do Cear  e Poti recebeu a comenda de Cristo e o cargo de capitão-mor dos índios pelos seus méritos. Alencar prefere acreditar no relato oral quando se refere… tribo tabajara cruel e sanguinária que habitava o interior, quando a história diz ser uma tribo litorânea.
03. A narrativa se estrutura em "flash back".
O texto se abre pelo fim. Iracema, no 1o. Capitulo, está  morta, e Martim, Moacir e o cachorrinho Japi vão embora na jangada. O 32o. Capitulo narra a morte de Iracema e o 33o. conta o retorno de Martim para fundar o Ceará.
04. Analise do enredo.
4.1. Ponto de partida.
* Fato
* Sentido Simbólico
Fato: é o encontro de Iracema e Martim.
Sentido Simbólico: o encontro do colonizador com o colonizado, ou seja, a relação português X terra brasileira.
4.2. Elementos da trama - os elementos geradores do conflito.
O dilema de Martim: oscila entre a fidelidade a seu amigo pitigura (Poti) e seu amor por Iracema (tabajara).
Iracema não poderia ser desvirginada, pois era uma espécie de sacerdotisa.
Irapuã, cacique da tribo, desejava Iracema e funciona como obstáculo … realização de Martim.
4.3. Desfecho
* Ambigüidade: primitivismo nacionalista X transplantação cultural.
* Visão preconceituosa do narrador - capitulo final - referência a Deus.
* Comparar batismo indígena de Martim (capitulo 24) ao batismo católico de Poti (capitulo 33).
Martim volta… terra selvagem para fundar a Mairi (refúgio) dos Cristãos (Ceará). Com ele, vem o sacerdote da sua região. Poti ajoelha-se ao pé da cruz para receber o mesmo Deus de Martim. Além de perder a sua religião, perde também a sua cultura e o seu próprio nome.
Segundo Alencar, finalmente "germinou a palavra do Deus verdadeiro na terra selvagem". Para ele, a cultura do branco e o Deus do branco são colocados como superiores aos dos indígenas.
A cerimônia do batismo de Martim é episódica e superficial, não havendo nenhuma transformação básica em Martim, o que não ocorre com Poti.
05. As tribos indígenas, suas alianças e conflitos.
As tribos são os Tabajaras (habitantes do interior) e os Pitiguaras (habitantes do litoral).
06. Elementos românticos. Sentido da Natureza (paisagens, animais).
6.1. Na idealização dos personagens.
Capitulo 2: a Natureza que serve para pintar Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que as asas da graúna, mais longos do que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como o seu sorriso, nem a baunilha recendia no bosque como o seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem...
6.2. Na idealização da terra
Capitulo 1: Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba. Verdes mares que brilhais como liquida esmeralda, afaga impetuosa, as brancas areias, a lua argentando os campos ( para idealizar a terra, usa a própria Natureza).
07. Sentimentos e qualidades dos personagens.

IRACEMA – (lábios de mel) – índia da tribo dos tabajaras, filha de Araquém, velho pajé; era uma espécie de vestal (no sentido de ter a sua virgindade consagrada à divindade) por guardar o segredo de Jurema (bebida mágica utilizada nos rituais religiosos); anagrama de América.
MARTIM SOARES MORENO – guerreiro branco, amigo dos pitiguaras, habitantes do litoral, adversários dos tabajaras; os pitiguaras lhe deram o nome de Coatiabo.
POTI – herói dos pitiguaras, amigo – que se considerava irmão – de Martim.
IRAPUÃ - chefe dos tabajaras; apaixonado por Iracema.
CAUBI – índio tabajara, irmão de Iracema.
JACAÚNA – chefe dos pitiguaras, irmão de Poti
08. Valores simbólicos.
8.1. A palavra Iracema é um anagrama de AMERICA.
Seria o símbolo secreto do romance de Alencar, que é o poema épico definidor de nossas origens históricas, étnicas (miscigenação, formação do povo brasileiro) e, sociologicamente, segundo Afrânio Peixoto.
Iracema é o símbolo da terra brasileira virgem e exótica (Iracema morre assim como os índios - mostra a docilidade dos índios).
Como Iracema se entrega a Martim e é destruída, a terra brasileira, por permissão dos índios (que sofrerão uma aculturação), passara a ser de posse portuguesa.
8.2. Iracema: objeto proibido do desejo: posse do objeto.
* Postura de Martim
* O licor de Jurema
* Postura de Iracema
Há proibição de se tocar o corpo de Iracema. O gesto transgressor seria punido com a morte. Martim só procura Iracema sobre os efeitos da droga. Martim não tem o corpo de Iracema em seus braços, tem apenas a sua imagem. A virgindade de Iracema é justificada pela sua situação dentro da taba, onde ocupa o lugar de sacerdotisa de Tupã. Qualquer atitude dela para unir-se a Martim transgride os valores tabajaras. Mas o amor se revela mais forte e a postura de Iracema é, desde o inicio, de desobediência.
O licor de Jurema é a droga que servir como intermediário, isto é, que servir para derrubar as barreiras entre os dois, remetendo a relação para o nível do inconsciente.
8.3. Valor simbólico do personagem Moacir.
Moacir simboliza o 1o. brasileiro nascido da miscigenação índio X português. Duas vezes filho da dor de Iracema: dela nascido e, também, dela nutrido. Tal mescla de vida e morte, de dor e de alegria, acha-se tematizada pelo leite branco, ainda rubro do sangue de que se formou.
9.0 características da linguagem de Alencar em "Iracema".
Alencar tenta concretizar a proposta do Romantismo de construir uma linguagem brasileira. Tenta, então, escrever um romance usando termos indígenas, o que revela uma linguagem autenticamente nacional.
Obs.: a busca de uma linguagem brasileira era reflexo de uma lusofobia que invadiu o Brasil na época do Romantismo.

10. Exemplos da Linguagem não verbal
Quebrar a flecha da paz no encontro de Martim e Iracema.
 A flecha atravessando o gaiamum (Iracema deveria permanecer na cabana esperando a volta de Martim, não deveria seguir em frente).
O ramo do maracujá: a flor da lembrança. Iracema deveria guardar, com a flor, a lembrança de Martim até morrer.

nomes: Thayna Rodrigues nº42
       Geovana Araújo nº18
      Jaqueline Domingos nº19
      Duciara nº 10
      Gabriela Ayrolla  nº16
      Everton  nº14
      Paula  nº 29
      Taís Alves nº 37

Nenhum comentário:

Postar um comentário